Pandemia por Covid-19 e o risco de suicídios

Pandemia por Covid-19 e o risco de suicídios

            O jornal Lancet Psychiatry publicou um artigo que discutiu sobre os riscos de suicídio durante a Pandemia por Covid-19. Isso faz muito sentido se pensarmos no histórico de pandemias e o aumento de suicídios. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de suicídios aumentou durante a pandemia por influenza, o mesmo foi observado em Hong Kong na Pandemia por SARS. O contexto da Pandemia atual é diferente do das outras, mas ainda assim é importante falar sobre o assunto.

            As estratégias usadas para a prevenção do suicídio têm como foco toda a população e visam o cuidado com a saúde mental, principalmente, no que diz respeito à violência doméstica; sentimento de isolamento, solidão e luto; além de problemas financeiros. Quanto ao possível aumento da violência doméstica nesse período de isolamento, uma opção para lidar com isso seria oferecer suporte às pessoas agredidas e também meios para que possam deixar suas casas.

            Ademais, o distanciamento de outras pessoas pode fazer com que haja uma exacerbação do medo e do sentimento de solidão, fator de risco para o suicídio. Dessa forma, as estratégias para lidar com isso devem envolver o auxílio da comunidade, dos amigos e dos familiares, sobretudo, com as pessoas que vivem só. Além do mais, o desemprego e os problemas financeiros já são fatores de risco há muito conhecidos. Dessa forma, as estratégias de auxílio governamental se fazem importantes no curto e médio prazo.

            A divulgação dos casos de suicídio na mídia deve respeitar as orientações dos órgãos de saúde para não acabar contribuindo com o aumento do número de casos. O acesso aos meios para passar ao ato é um fator de risco bastante importante para o suicídio, sobretudo, por alguns deles serem encontrados com facilidade em farmácias. Isso indica, portanto, que os vendedores de tais artigos devem se atentar àqueles que apresentarem alguma forma de sofrimento.

            Pessoas com ideação suicida podem deixar de procurar o serviço de saúde por medo da contaminação, por isso, cabe lembrar que o CVV (Centro de valorização da vida) e alguns CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) oferecem atendimento online e/ou por telefone. Ademais, os profissionais de saúde mental devem observar um manejo cuidadoso dos pacientes apresentam ou já apresentaram comportamento suicida.

            Soma-se a isso a tendência de aumento do número de pessoas com transtornos mentais (especialmente, depressão, transtorno de estresse pós traumático e transtornos de ansiedade), pode haver ainda uma piora dos quadros daqueles que já sofrem de algum transtorno mental. Vale ressaltar que os sintomas de transtornos mentais podem ser vividos por qualquer pessoa, inclusive pelos profissionais de saúde.

            Outras situações relacionadas à pandemia de Covid-19 que também podem causar impacto sobre a saúde mental envolvem: estigma, interrupção ou mudança nas estratégias de ensino. A primeira diz respeito ao aumento do risco de suicídio do paciente e de seus familiares por poderem ser estigmatizados; a segunda refere-se a possibilidade de muitos jovens estarem ansiosos sobre seus futuros. É necessária a adoção de estratégias governamentais para lhes garantir segurança.

            A possibilidade de a situação atual predispor uma população vulnerável ao aparecimento ou piora de transtornos mentais (inclusive com ideação suicida) deve-se ao fato de ela causar sofrimento em algumas pessoas. Chama-se a atenção para o fato de as implicações na saúde mental serem sentidas agora e também no futuro. Por isso, a importância de estudar e implantar estratégias de prevenção.

@sarita.vergueiro.psi

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