Historeando: A maior tragédia da história do futebol
Na final da Champions League de 1985, entre Liverpool e Juventus, os hooligans protagonizaram uma das maiores tragédias do futebol europeu e á 36 anos, final da Champions League não foi como todos esperavam. Disputada na Bélgica, no estádio de Heysel, a partida colocava frente à frente a Juventus, de Michel Platini, e o lendário Liverpool de Kenny Dalglish e Ian Rush, mas o foco daquele dia não foi o futebol.
O palco da final de 1985 não estava em boas condições e estava longe de ser o lugar mais adequado para um evento como aqueles. Para agravar a situação, torcedores dos Reds cavaram buracos no muro do estádio e entraram sem pagar, sem passar pelo controle de segurança da partida, o que causou a superlotação das arquibancadas.
E como último ingrediente desta receita explosiva, os torcedores ingleses eram os famosos hooligans, grupo bem conhecido na década de 1980, que usava o futebol como desculpa para arrumar grandes brigas e confusões.
Não demorou muito para que um conflito generalizado começasse no estádio. Os hooligans já haviam causado cenas de selvageria na Inglaterra e na edição anterior da Champions League, mas nada como o que aconteceu naquele ano, na Bélgica, que certamente foi agravado pela superlotação e pelas más condições estruturais do estádio, e pelo esquema de segurança precário.
A confusão começou atrás de um dos gols, onde estavam torcedores comuns de Liverpool e Juventus, cerca de uma hora antes de a bola rolar. Paus e pedras começaram a voar por todos os lados até que os hooligans fizeram o alambrado ceder. 39 pessoas, formadas em sua maioria por italianos, morreram espremidas.
Torcedores comuns assustados tentavam pular o alambrado para fugir, mas caíam justamente na parte que continha os hooligans mais exaltados do Liverpool e a briga só aumentava.
Em meio ao atendimento aos feridos, as torcidas também começaram a entrar em conflito com os policiais belgas. Para piorar o trágico roteiro, o árbitro ainda assim resolveu dar início à partida, mesmo com a confusão e pancadaria e contra a vontade da equipe do Liverpool. Além dos 39 mortos, outros 600 torcedores saíram feridos da partida.
Dentro de campo, Platini fez o gol – e comemorou que se tudo estivesse normal – que deu a vitória por 1 a 0 à Velha Senhora, que conquistava seu primeiro título da então Copa do Campeões, conhecida hoje como Champions League.
Depois da Tragédia de Heysel, ficava claro que algo precisava ser feito e que os hooligans precisavam ser extintos. A UEFA, então, puniu todos os clubes da Inglaterra, que foram excluídos de todas as competições europeias por um período de cinco anos – os ingleses haviam vencido sete das últimas nove Copa dos Campeões.
Apenas em 1999 um time da Inglaterra voltou a vencer a Champions League, com o Manchester United de Alex Ferguson. Os clubes voltaram a se encontrar em 2005 nas quartas de finais da Champions League, e apesar das bonitas cenas de paz e cordialidade em campo no jogo da ida na Inglaterra, na partida de volta em Turim, os “Ultras” da Juventus juraram vingança pelo ocorrido de 20 anos antes. 9 mil policiais de todas as partes da Itália foram deslocados para Turim afim de conter conflitos. Mesmo sem conflitos – evitados pela política italiana-, o ônibus do clube inglês chegou ao estádio da Vecchia Signora sob chuva de pedras.
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