Janeiro Branco e o dilema da estética para a saúde mental
Campanha “Janeiro Branco” volta-se à conscientização e informação sobre saúde mental e tem temas-chave, como isolamento social e papel da estética no bem-estar
O mês Janeiro Branco é dedicado à campanha em prol da saúde mental, provendo informações acerca de diferentes condições relacionadas ao bem-estar e a saúde da população.
Com a pandemia da Covid-19 e o desgaste decorrente da emergência sanitária, a campanha é ainda mais importante para alertar sobre a gravidade dos transtornos psíquicos e a necessidade de acolhimento por meio da assistência médica especializada.
Qual a importância do Janeiro Branco?
O mês foi escolhido para desenvolvimento da campanha sobre saúde mental em decorrência do forte significado quanto ao recomeço de ano e das expectativas que esse período gera, seja consciente ou inconscientemente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.
Portanto, o fator mental é um pilar para que uma pessoa seja considerada saudável e esse é um dos pressupostos que se deseja trabalhar e conscientizar no janeiro branco, visto que muitas pessoas subjugam a importância da saúde mental, o que favorece o desenvolvimento de males físicos e psíquicos.
De acordo com pesquisa do instituto Ipsos, 53% dos brasileiros afirmaram que o bem-estar mental piorou durante a pandemia da Covid-19.
Dessa forma, ainda mais do que nos anos anteriores, a iniciativa é fundamental para informar a população sobre os cuidados com a mente e indicar quando é necessário buscar ajuda especializada.
Alguns dos sintomas que são indicativos de uma saúde mental comprometida incluem ansiedade, melancolia, insônia ou depressão.
Como fatores estéticos estão associados à saúde mental?
A saúde mental envolve diferentes fatores que, muitas vezes, não podem ser mensurados de forma objetiva, uma vez que envolvem questões íntimas e individuais.
A autoestima, por exemplo, é um elemento que compõe a saúde mental e pensamentos autodepreciativos podem comprometer o bem-estar no longo prazo.
Entretanto, a autoestima não é medida facilmente, pois não se trata apenas de fatores estéticos, ainda que eles possam estar associados.
Muitas vezes uma pessoa considerada esteticamente bela, por exemplo, tem uma baixa estima em decorrência de elementos de sua criação, personalidade ou vivências.
Apesar disso, estudos indicam que pessoas que realizam cirurgias plásticas podem sim, ter um aumento da própria autoestima e satisfação pessoal, de forma que a aparência deve ser um fator considerado.
O importante é que a estética não seja um ponto de comparação ou subjugação, como, por exemplo, a demanda por um ideal irrealista de beleza que leva ao sentimento de inferioridade.
A estética pode ser vista, em contrapartida, como uma aliada, com pessoas que realizam os tratamentos ou cirurgias plásticas aumentando sua autoestima e gerando benefícios ao bem-estar que se refletem na saúde mental.
Mas a indicação da cirurgia plástica não deve ser banalizada, visto que resultados estéticos satisfatórios, em alguns casos, dependem de um conjunto de mudanças no estilo de vida e hábitos.
O que fazer antes de realizar uma cirurgia plástica?
Para muitos pacientes, a realização da cirurgia plástica é uma conquista importante e influencia diretamente a autoestima, bem-estar e saúde mental.
No entanto, para que tais resultados sejam alcançados, é fundamental que haja um suporte médico especializado. Entenda melhor a seguir.
Avaliação psicológica
A avaliação psicológica antes da decisão pela cirurgia plástica é recomendada em muitos casos, principalmente quando o médico não está confiante quanto às motivações e expectativas do paciente.
No que se refere à motivação, é fundamental que haja um desejo próprio de realizar o tratamento e não uma busca por um padrão estético ou mesmo para agradar a terceiros.
O alinhamento das expectativas também pode demandar suporte psicológico. A cirurgia plástica não pode ser vista de forma irreal, como pessoas que desejam ficar parecidas com celebridades após a intervenção.
Portanto, há uma linha tênue entre o bem que a cirurgia plástica pode promover na saúde mental e a necessidade de atenção especializada para que ela não seja danosa ao paciente com expectativas irrealistas ou motivações inadequadas.
Avaliação do cirurgião plástico
Além da avaliação psicológica, o próprio cirurgião plástico também faz a ponderação sobre as indicações do tratamento, os resultados que podem ser alcançados e as expectativas do paciente.
A rinoplastia, por exemplo, que está entre as cirurgias plásticas mais realizadas, deve visar sempre um resultado harmônico com a estética individual e nunca ser baseada em referências externas.
O mesmo é válido para qualquer intervenção estética, pois ela deve ser vista como uma aliada ao bem-estar do paciente e não como uma fonte adicional de ansiedade e sentimentos negativos que comprometem a saúde mental.
A campanha Janeiro Branco, portanto, engloba diferentes debates e questões em torno da saúde mental, desde o isolamento decorrente da pandemia como também a autoestima, cirurgias plásticas, hábitos e também transtornos psicológicos que demandam assistência especializada.