Barbiecore: é possível que Papai Noel entre na onda rosa?
Professor de Marketing, Branding e Comportamento do Consumidor do UniCuritiba fala sobre o futuro do varejo e da economia após o lançamento do filme Barbie
Estrelado pela atriz Margot Robbie, o filme Barbie estreou nos cinemas brasileiros no dia 20 de julho e mudou as cores do país. A onda rosa tomou conta das vitrines, dos guarda-roupas, dos cardápios nos restaurantes e dos itens à venda no varejo. O fenômeno criou uma tendência fashion, mudou a paleta de cores das maquiagens, tinturas de cabelo e esmaltes, impactou a economia e influenciou muitos comportamentos.
Na última semana, o nome da boneca da Mattel foi o termo mais buscado pelos brasileiros na internet. Os internautas têm até uma surpresa ao utilizar o Google em suas pesquisas. Sempre que o termo “Barbie” é digitado, a tela muda de cor e, por alguns segundos, estrelas – cor-de-rosa, é claro – decoram a página.
Professor das disciplinas de Marketing, Branding e de Comportamento do Consumidor no UniCuritiba – instituição que integra a nima Educação – Sérgio Czajkowski Júnior faz projeções sobre o efeito da onda rosa nos próximos meses e responde: há chance de o Papai Noel ser influenciado? Sérgio acha pouco provável.
“Não creio que a estética e a paleta de cores do guarda-roupas do Papai Noel mudem por causa do fenômeno barbiecore. O que teremos é uma predominância rosa nos brinquedos e nas embalagens, e ainda que seja difícil desvincular a cor rosa da Barbie, as empresas poderão surfar essa onda de forma mais discreta pelos próximos meses, apostando em detalhes e referências ao filme e à boneca, mas sem exageros”, analisa o especialista.
Um semestre cor-de-rosa
Mesmo que Papai Noel não seja facilmente influenciável, o fenômeno barbiecore deve se estender por mais algum tempo. Na avaliação do professor do UniCuritiba, é possível que o rosa predomine durante todo o segundo semestre deste ano.
“Como a estreia do longa-metragem é recente, é cedo para avaliarmos todos os reflexos no marketing, nos hábitos de consumo e na economia, mas uma coisa é certa: esse fenômeno deve permear vários setores, muito além do vestuário e das festas infantis. Nada impede que tenhamos, por exemplo, eletrodomésticos cor-de-rosa”, analisa o consultor nas áreas de Planejamento Estratégico, Vendas e Marketing.
Seis décadas de sucesso
Sergio Czajkowski Júnior explica como uma boneca lançada nos Estados Unidos em 1959 consegue ser tão influente ainda hoje. “A Barbie foi inspirada em uma boneca alemã focada, originalmente, no público adulto e foi a Mattel quem a transformou na versão que conhecemos hoje, mais dedicada ao público infantil. Quem tem 40, 50 ou 60 anos brincou com a Barbie e essa nostalgia explica parte do fenômeno barbiecore provocado pelo filme.”
De acordo com o professor, o lançamento da Barbie foi um “marco divisor” na indústria de brinquedos. “Antes da Barbie, as bonecas eram inspiradas em bebês e, depois da Barbie, as crianças do mundo todo começaram a brincar com uma boneca de aparência mais adulta. Foi uma ruptura importante no mercado infantil.”
A permanência da Barbie nas lojas e no imaginário de gerações só foi possível, aponta Sérgio, porque a Mattel soube se adaptar ao mercado. “A empresa faz fortes investimentos em marketing, mas a Barbie precisou se moldar às mudanças culturais para sobreviver. Ela foi o ideal de mulher nos anos 1960 e 1970, mas será que as meninas de hoje se relacionam com esse mesmo padrão de beleza?”
Barbie transformada
Estudioso das áreas de Marketing, Branding e de Planejamento Estratégico, Sérgio diz que em meados dos anos 2010 a Mattel teve problemas com a venda das Barbies. À época, a boneca perdeu o posto de carro-chefe entre os brinquedos nos Estados Unidos. “Foi preciso se adaptar aos novos tempos e a Mattel lançou produtos complementares para reconquistar o mercado, como joguinhos da Barbie, DVDs, sites dedicados à boneca etc.”
Na avaliação do professor do UniCuritiba, o lançamento do filme não apenas movimentou a economia, mas se tornou uma excelente oportunidade para a reflexão. “A Barbie não tem, atualmente, a mesma importância e a influência que tinha para gerações passadas, mas a ida de mães e filhas, juntas, ao cinema, pode proporcionar bons debates. O roteiro do longa-metragem foi pensando para isso e sai do universo barbieland para discutir questões atuais”, finaliza Sérgio.
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