As fortes chuvas dos últimos dias, que causou estragos em 44 municípios no Estado, interromperam o manejo e o ritmo de colheita nas lavouras no Estado. A maior preocupação é com o desempenho do milho e do trigo, culturas que estão em fase mais suscetível aos efeitos das chuvas. Por enquanto, não há indícios de perdas na produção, mas o principal receio é o da redução da qualidade dos grãos, o que pode impactar nos preços recebidos pelos produtores.
“A situação é de alerta. As chuvas não são boas para o trigo, principalmente nessa fase”, diz Carlos Hugo Coutinho, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Cerca de 40% da área plantada de trigo no Estado está em fase de floração e frutificação.
Com as chuvas, os produtores estão com dificuldade para aplicar defensivos agrícolas, que são importantes nessa fase para evitar a proliferação de doenças. De acordo com Coutinho, houve uma piora na qualidade das lavouras. “Estávamos com 4% das lavouras em condições médias. Esse número já está em 9%. Ainda 90% da área apresenta condições boas. Apenas 1% são consideradas ruins. Mas a cada dia de chuva a preocupação aumenta”, acrescenta.
A previsão é de um crescimento de 3% na produção de trigo no Paraná, para 3,96 milhões de toneladas. A expectativa é que a produtividade aumente 9%, para 2.991 quilos por hectare.
Se for confirmada a perda da qualidade do trigo, o produtor poderá ter que encarar preços menores no mercado e dificuldade para vender o trigo para panificação. Para o agricultor a preocupação é maior também porque ele já vem enfrentando aumento de custos com sementes e adubação nessa safra.
MILHO. Não há indícios de perdas na produção, mas as chuvas também podem afetar a qualidade do milho da segunda safra no Paraná. Até agora, 25% da produção foi colhida.
Dos 1,4 milhão de hectares que ainda aguardam a colheita, 60% estão em fase final de maturação. Outros 38% estão em fase de frutificação e 2% em floração. De acordo com Edmar Gervasio, analista da área de milho do Deral, como a cultura está em fase adiantada, a chuva tem impacto pontual, mas preocupação é com o excesso de umidade do grão, o que aumenta as chances de desenvolvimento de doenças.
O produtor também terá que aumentar gastos com secagem do grão. “O excesso de umidade deve comprometer a qualidade e pode afetar os preços pagos ao produtor”, afirma.
No campo, os agricultores estão aproveitando os períodos de sol para tentar acelerar a colheita. Mas a expectativa é que somente na próxima semana o tempo comece a firmar. A segunda safra do milho foi plantada em uma área de 1,91 milhão de hectares e a estimativa é de uma produção recorde de 10,8 milhões de toneladas. A maior parte está concentrada na região de Toledo e Cascavel, seguida pela região de Londrina e, em menor escala, em Campo Mourão.
De acordo com Gervasio, essa última região é a que concentra as piores condições após as chuvas. De acordo com o Deral, da área que falta ser colhida, 93% apresentam boa qualidade, 6% registram condições médias e 1% ruins. ( Vale Verde FM)